sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Há mesmo uma estrada de alcatrão gasto na minha memória, que marca o fim de uma imensa planície, construída em cima do dorso de uma gigantesca duna que se prolonga a perder de vista. É um longo traço negro, no fim do mundo, que separa a terra e o mar. Dum lado ficam os mangues e as linhas de água cor de tintura, com crocodilos de barriga amarela, peixes como golfinhos e carradas de ostras. Do outro lado, o Atlântico Sul. Existe mesmo essa longa estrada de alcatrão muito gasto, de que só restam algumas placas escuras, como remendos soltos, aqui e ali, ao longo de todo aquele imenso caminho, mais a gravilha e muita areia, que cobre tudo.

Já passaram quase oito anos sobre essa estrada, que ficou dentro de páginas encardernadas com capas grossas, atadas por duas tiras de tecido cru.